$ifrão - Além do Vento (2004)

Completando 10 anos de carreira em 2007, a banda alagoana $ifrão, que muitos críticos consideram uma das grandes revelações do pop/rock nacional da atualidade, se prepara para entrar em estúdio e gravar seu 4º CD, programado para o segundo semestre deste ano. Enquanto isso não acontece, você (...) tem a chance de conferir "Além do Vento", 3º disco do hepteto, e descobrir por que uma boa parte da crítica especializada tem feito tanto oba-oba em cima deles.
Refletindo toda a maturidade adquirida pela banda durante longos anos de estrada, "Além do Vento" traz um trabalho inquieto e em constante mutação. Vertentes e sonoridades distintas fazem do CD um pequeno mosaico de influências como rock, reggae, ska, folk, hardcore, dixieland e até punk. É como se cada faixa tivesse personalidade própria, independente de ser parte integrante de uma obra, fazendo com que "Além do Vento" soe como um álbum composto por figurinhas totalmente diferentes.
A produção caprichada do disco exibe uma imensa gama de detalhes e arranjos que procuram dar a cada faixa exatamente aquilo que ela necessita. Se o clima é folk, lá estão o violão de aço e a gaita; se o tema trata de raízes culturais, ouve-se um berimbau; se a parada é punk, tome guitarras distorcidas e coros vocais gritando palavras de ordem; se a onda é reggae, surge o wah-wah e uma levada de guitarra escovada. E por aí vai.
O destaque do trabalho fica por conta do excelente naipe de metais formado por Anderson (sax) e Ricardo (trombone), que é acionado em praticamente todas as faixas, se adaptando muito bem aos diferentes gêneros e estilos musicais abordados nas composições. As letras trilham o mesmo caminho, fazendo uso de linguagens e gírias inerentes ao tema proposto em cada canção. Dependendo da faixa em questão, a mensagem tanto pode ser profunda e reflexiva quanto divertida e despretensiosa.
Dentre as faixas, destaque para "Além do vento", que traz um pop/rock com tintas de ska e algum tempero latino; "Seu Valor", um autêntico reggae roots; "Zero à esquerda", um punk misturado com diexeland que lembra muito os Raimundos do primeiro CD; "Coqueiral", uma espécie de calango que remete à fase pré-rock do Skank; "Lançamento Vertical", que traz a letra mais divertida do disco; e finalmente a segunda (e frenética) versão de "Sei lá", que fecha o disco com chave de ouro.
(*por Leandro Becker - 20/05/2007)

$ifrão é:
Marcos Bruno – voz, guitarra, violão
Thiago André – percussão
Henrique Medeiros – bateria
Cazamba – guitarra
Tony – baixo
Anderson – sax
Ricardo – trombone

Agradecimentos e créditos: MP3 Magazine


Info & Buy: BuscaPé

Picassos Falsos - Novo Mundo (2004)

"Unfinished business" , como se diz em inglês: algo que ficou parado pelo meio, não concluído, e que ainda está por resolver. Tudo aquilo que faltou fazer, que faltou dizer. Foi assim com os Picassos Falsos. Quinze anos atrás, com apenas dois álbuns no currículo. Picassos Falsos, de 1987, e Supercarioca, de 1988 , o quarteto se separou. No topo da forma. Com muito ainda por fazer.
Ficou cada um por si: o vocalista Humberto Effe gravou um álbum solo pela Virgin, em 1995, antes de mergulhar no trabalho de compositor para Cris Braun, Toni Platão, Frejat, e Skank, e de colaborar com Dado Villa-Lobos na trilha do longa Buffo & Spalanzani.
O guitarrista Gustavo Corsi virou " giggeiro ", músico contratado para acompanhar Ivo Meirelles, Dulce Quental, Marina Lima, Gabriel O Pensador, Kátia B e Cláudio Zoli. Quando sentiu saudades de trabalhar em banda, formou a dançável Rio Sound Machine. O baixista Romanholi deu as costas à musica e dedicou-se integralmente ao jornalismo. O baterista Abílio Rodrigues abriu uma loja de instrumentos, formou-se professor em Filosofia e tratou de estudar música. E, no entanto, ficava sempre faltando um pedaço.
"Foi uma grande pena a banda ter acabado", recorda Abílio. "Tinha um potencial enorme ainda não realizado". " Supercarioca era uma bela carta de intenções", define Gustavo, referindo-se ao segundo e último álbum da banda, "que precisava de mais trato". Coube a Abílio pegar o telefone e reconvocar a banda, em 2001. Ele e Romanholli haviam se re-encontrado por conta do "Diamante Cor de Rosa", projeto do baixista focado no repertório de Roberto Carlos. Mas retomar os Picassos Falsos tornou-se a prioridade. "Fiquei um pouco cético", lembra Humberto. "Após tanto tempo sem estar (todo mundo) junto, não sabia no que ia dar. Demorou alguns meses de laboratório para a gente se re-encontrar".
Se a reunião dos Picassos Falsos coincidiu com a reforma de outras bandas dos anos 80, houve o compromisso de se distanciar ao máximo de qualquer manifestação de saudosismo. "Não queria ser mais um com nada de novo a fazer, a dizer", explica Humberto. "A gente voltou depois do " revival" dos anos 80", arremata Romanholli. "O nosso objetivo era retomar a banda do Supercarioca em diante. Nada a ver ficar fazendo" Remix 2001"de "Quadrinhos", um dos primeiros sucessos da banda.
Dito e feito. Novo Mundo, longe de ser um exercício nostálgico, retoma a conversa musical interrompida em 1988 da forma mais coerente e orgânica possível. É uma progressão natural a partir de Supercarioca : no caldeirão se misturam samba ("Rua do Desequilíbrio", "Pra Deixar de Ficar Só"), baião movido a guitarra ("Presidente Vargas"), samba-jazz ("Zig-Zag 2"), pop ("Até Onde For Seguir") , rock ("Eletricidade") e balada (a faixa-título). O intervalo de quase duas décadas afiou a capacidade dos integrantes. "Antes éramos mais peladeiros", admite Romanholli, "mas amadurecemos musicalmente. Todos estão tocando melhor, e o Humberto está compondo melhor".
De fato, Novo Mundo representa um salto quântico em termos da segurança e a autoridade com que a banda retoma seu justo e devido lugar na cena musical brasileira. Com a vantagem de agora todos os integrantes trazerem uma bagagem adicional de 15 anos de experiência.
Assim como sem Gilberto Gil, Mutantes, Novos Baianos e Paralamas do Sucesso os Picassos Falsos não teriam existido, sem os Picassos Falsos talvez o Brasil não tivesse tido Chico Science e Nação Zumbi, Los Hermanos, Pedro Luís e A Parede (e a lista continua). Os Picassos Falsos são síntese. São os arquitetos de um admirável Novo Mundo onde co-habitam Hendrix e Ismael Silva, sertão e Led Zeppelin, Prince e repente, forró e funk, samba e rock and roll.
Que falta faziam. Bem-vindos de volta.
(José Emilio Rondeau, Rio de Janeiro, Maio de 2004)

Novo Mundo (2004)

1. Você não consegue entender
2. Porta-Bandeira
3. Avenida
4. Presidente Vargas
5. Rua do desequilíbrio
6. Zig-zag 2
7. O filme
8. Novo mundo
9. Até onde eu for seguir
10. Pra deixar de ficar só
11. Me diga seu nome
12. Eletricidade

[ Download do álbum completo via Badongo ]


Site: PicassosFalsos.com.br


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Vzyadoq Moe: Discografia

Vzyadoq Moe foi batizado em Sorocabano final de Abril de 1986 , exatamente 70 anos depois de Dada em Zurique , com uma saudável salada de letras roubadas do acaso. E significou o mesmo: " O primitivismo, o começar do zero, o novo em nossa arte ".
A palavra Dada foi adotada por um grupo de jovens exilados, na sua maior parte pintores e poetas abrigados na Suiça e reunidos no Cabaret Voltaire... O nome Vzyadoq Moe foi adotado por um grupo de jovens estudantes então quase todos menores de idade, radicados na cidade industrial interiorana de Sorocaba ( a "Manchester paulistana" ?! ), que gostava de Cabaret Voltaire, do Bauhaus e Joy Division. Nenhum deles sabia tocar sequer um instrumento. No primeiro ensaio, tocaram "coisas fáceis", pinçadas do repertório das bandas acima citadas. Já no segundo ensaio começaram a criar. E, nesse caso, tudo o que começou a aparecer era novidade. Os rapazes aplicavam técnicas de criação sob pressão, sempre acabavam voando latas, caixas de papelão e outros utensílios. Março de 1988. Em breve sai da prensa o primeiro "manifesto vinilista à nação" do Vzyadoq Moe, pela produtora independente Wop Bop, sob o nome O Ápice. Vamos às apresentações: Fausto, vocalista e letrista expressionista de 18 anos; Marcelo e Jaksan, guitarristas, respectivamente 18 e 16 anos; o baixista Edgar, o velho de barba branca da banda, 28 anos; e Marcos, especialista em destruir latas, caixas de papelão e bumbos diversos com suas baquetas, 19 anos.
Para compor, alguns métodos nada formais. Edgar: "Qualquer um dos instrumentos pode achar um fraseado, uma sonoridade interessante a partir do caos inicial. Daí, os outros seguem atrás daquela idéia, de improviso, e acabam acertando". Marcelo: "Não existe lei. Às vezes o baixo faz a linha da guitarra, a guitarra marca o ritmo e a bateria define a melodia". Fausto: "Faz-se a costura e a melodia aparece somente quando todos os instrumentos estão tocando". Mrcos: "Tem música em que o baixo é uma terceira guitarra". Fausto: "Minhas letras não são escritas para serem letras. São poemas inspirados no expressionismo arcaico e em Clarice Lispector". Marcelo: "Nossas guitarras são rigorosamente iguais. Não existe aquela história de base e solo. Elas se atropelam, se fundem e fazem o ambiente". Marcos: "Se eu tivesse dinheiro para comprar um kit de bateria normal, eu não compraria. Procuraria investir em pedais e efeitos para completar minhas latas, em busca de melhores timbres". Todos: "Temos medo da tecnologia. Ela pasteuriza tudo. Ela interessa apenas para valorizar o som acústico. O único instrumento digital que utilizamos na gravação foi um sampler, para brincar com a voz e a bateria, mesmo assim muito discretamente..."
Entre gravações e mixagens, o Vzyadoq Moe ficou duas semanas no estúdio. Para produzir seu LP de estréia, chamaram o músico, jornalista e integrante do grupo Chance, José Augusto Lemos, o Scot. Este ajudou a definir formas de gravação específicas, orientadas para preservar o clima da música. Marcos: "Nas primeiras tomadas de som, minhas latas pareciam bateria eletrônica. Scot enfiou microfones por tudo quanto é lugar no estúdio, o que permitiu captar todos os timbres com precisão, pela reverberação..."
No disco, cada faixa apresenta uma orientação de composição diferente das demais. O som é rústico, "sujo", muitos erros de execução foram incorporados de forma criativa na mixagem. E esse som é nosso. Só ouvindo para conferir.

O Ápice (1989)
1. Junto Ao Céu
2. O Último Designo
3. O Incerto
4. Desejo Em Chamas
5. Redenção
6. Não Há Morte
7. A Monomania
8. O Apice
9. Guerra Das Sombras
10. Expansão
DL: O Ápice (Badongo)

Sanguinho Novo... Arnaldo Baptista Revisitado (1989)
+ Bomba H sobre São Paulo

Enquanto Isso...?! (Single) (1990)
1. The Cabinet
2. Santa Brigida
3. Bomba H sobre São Paulo (Bônus Track)
DL: Enquanto Isso (Badongo)

Hard Macumba (1999)
1. Matéria
2. Sabedoria
3. Sonhos
4. Viva Yansã
5. The Cabinet
6. Pelle (live)
7. Pocesso
8. Santa Brigida
9. Rompantes de Fúria
10. Via Plastex
11. Não há morte (live)
12. Maldade (live)


Site: Vzyadoq Moe


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Akira S & As Garotas Que Erraram - Akira S & As Garotas Que Erraram (1986)

Akira S & As Garotas Que Erraram foi uma banda de techno-rock formada em 1984, liderado pelo baixista nissei Akira S e Alex Antunes, também integrada por Anna Ruth (guitarra), Corina (teclados e voz), Pedreira Antunes (voz) e Edson X (bateria). O grupo participou da gravação da coletânea "Não São Paulo", lançada em 1985 e seu álbum homônimo Akira S & As Garotas Que Erraram, lançado em 1986, ambos pelo selo Baratos Afins, na ocasião contou com a participação dos guitarristas Miguel Barella e Giuseppe Fripp, ambos do Voluntários da Pátria, e de André Jung, baterista e percussionista da banda do Ira!.

1. Swing basses Séries 2 (Eu não vivo sem meu baixo)
2. Grito em hora redonda
3. Trago boas e más notícias, Don
4. Quem disse que não havia monstros?
5. Garotas que erraram
6. O futebol
7. Atropelamento & fuga (Partes I, II, III e IV)
8. Ana Lógica

[ Download: Badongo ]

Compre: baratosafins / Informações: wikipedia

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Sanguinho Novo... Arnaldo Baptista Revisitado (1989)

Numa terra em que a memória vale tanto quanto um tostão furado, Arnaldo Baptista (carisma e cerne dos Mutantes, a síntese do rock´n´roll anos 60 no Brasil) conseguiu o feito de ser homenageado - ainda vivo! - nessa coletânea que reuniu alguns dos mais significativos valores da nossa nova música para interpretar as suas composições. Dos seus LPs pós-1974, Loki? sempre foi o mais cultuado, daí a surpresa de vê-lo retomado por apenas três dos treze participantes. O mérito pela cessão do maior número de faixas coube a Singin´ Alone, ficando o material restante por conta dos clássicos feitos à época dos Mutantes. Mestre na autodilaceração perplexa, Arnaldo teve aqui algumas de suas melhores baladas vertidas de forma exemplar. Assim, Maria Angélica e o Último Número, respectivamente, criaram climas similares para "Te Amo Podes Crer" e "I Fell in Love One Day", ambas descerebrando guitarras e fazendo do feeling vocal seu fio condutor. Ainda neste nicho encontramos a "bossanóia" de "Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki? "com o Fellini (Cadão Volpato irrepreensível), o lirismo exacerbado dos 3 Hombres em "Dia 36" e o tratamento jazzy-cabaret que Paulo Miklos deu a "Superfície do Planeta" - só, ao órgão, o titã relembrou o pioneirismo de Arnaldo Baptista no uso do Hammond no país. Anomalias, detonações: na ala "Ave Lúcifer" o Sepultura conseguiu um resultado único: ser fiel à melodia original de "A Hora e a Vez do Cabelo Nascer" e, ainda assim, reduzi-la a átomos pela pressão dos amps Marshall. Como talvez dissesse o próprio Arnaldo, "uma lenha!". Não menos duras, porém sem tanto impacto, temos "Jardim Elétrico" (Ratos de Porão), "Bomba H sobre São Paulo" (Vzyadoq Moe) e "Sitting on the Road Side" (Atahualpa I Us Panquis). Correndo por fora, encontramos uma tríade singular: o rap sinuoso de Skowa ("É Fácil"), a tecno-transfusão de Akira S e as Garotas Que Erraram ("Sanguinho Novo") e o pop parafrênico do Sexo Explícito ("O Sol"). Apuradas todas as diferenças, triunfa a obra de Arnaldo Baptista: intensa, infinda, atemporal.
(Texto: Mr Bad Guy)

01. Sexo Explícito - O Sol
02. 3 Hombres - Dia 36
03. Vzyadoq Moe - Bomba H Sobre São Paulo
04. Sepultura - A Hora e a Vez do Cabelo Nascer
05. Último Número - I Fell in Love One Day
06. Paulo Miklos - Superfície do Planeta
07. Akira S & As Garotas Que Erraram - Sanguinho Novo
08. Ratos de Porão - Jardim Elétrico
09. Fellini - Cê Tá Pensando Que Eu Sou Lóki?
10. Atahualpa I Us Panquis - Sitting on the Road Side
11. Skowa - É Fácil
12. Maria Angélica - Te Amo Podes Crer

Opções para download: badongo (1) • badongo (2) • fullalbumsmaxalbums4shared

Site: arnaldobaptista.com.br

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Cine Lux Musique - 2 Canções

Cine Lux Musique é o novo projeto de Alvinho Cabral (Fino Coletivo, ex-Wado e Realismo Fantástico, ex-Sonic Junior) e Clarisse Barreiros (uma voz lindíssima). Segundo o próprio Alvinho, o Cine Lux Musique faz "Música sintonizada na freqüência mundial com elementos acústicos e eletrônicos em canções de beats fortes, melodias doces e dançantes".
Eu sei de uma coisa, essas duas primeiras músicas me deixaram ansioso para ouvir o álbum que a dupla está preparando para o segundo semestre.

2 Canções:
1. Inconciente [mp3]
2. Coisa Mais Linda [mp3]

Leia uma entrevista com a dupla no Overmundo.

Sites: http://www.cineluxmusique.com/ / myspace.com/cineluxmusique

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