Gerações se sucedem no rock brasileiro e algo fica sempre para trás. No caso do
Hojerizah, o que não tem mais paralelo hoje é o cuidado que eles dispensavam à execução e aos arranjos (Flávio Murrah não fazia questão de esconder seus dotes instrumentais) e, principalmente com as letras e concepção dos discos. A capa de
Hojerizah, muitos hão de lembrar, trazia uma recriação da cena do clássico surrealista do cinema, Um cão andaluz, de Luis Buñuel, em que uma navalha corta um olho.
"Naquela época todo mundo lia muito, haviam todos aqueles lançamentos da Brasiliense", conta Marcelo Larrosa. Mesmo correndo o risco de serem chamados de intelectualóides e herméticos, Murrah não hesita em fundir sua leitura com a temática desencantada do pós-punk nas letras do Hojerizah.
"A gente não tinha referência de nada do que estava sendo feito no rock. O Hojerizah chegava no Western (bar carioca onde os Paralamas do Sucesso estrearam) falando de bebida, depressão e sexo", conta Murrah.
Mesmo com versos do tipo
"Bom dia, boa tarde/ Goodnight, quero dar um tapa?/ De topete, cara/ Vi Nova Iorque internada", "Pros que estão em casa" não fez feio nas rádios em 1987. Outras do primeiro disco, com dedilhados de guitarra smithianos e letras nada fáceis como "Tempestade em Viena" e "Roma", não tiveram tanta sorte.
"A gente tinha dificuldade de apresentar nosso trabalho, hoje seria mais fácil", acredita Murrah. Menos sorte ainda tiveram "Fogo" e "A lei", do álbum
Pele, que ganharam execução apenas em rádios alternativas como a Fluminense FM.
(*Sílvio Essinger para o JORNAL DO BRASIL em Fevereiro de 1999)Hojerizah Ao Vivo 20001. Gritos
2. Avenidas
3. A Lei
4. Roma
5. Dentes da Frente
6. Tempestade em Viena
7. Te procurar [?]
8. Senhora Feliz
9. Setembro
10. Que Horror
11. Pros Que Estão em Casa
12. Sol
13. Águas [?]
14. [encore]
15. Pros Que Estão em Casa [biz]
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Créditos:
Lágrima Psicodelica